Agradável ao que vê a inebria de quem sente. Música, meu eu no plural!

Entraste em minha vida de um jeito sedutor! Criando afetos, estreitando-se os laços, irremediável furor.

Minha forma mais agradável de auto conhecimento, de me sentir, enxergar-me como sou, escrever, relaxar, sentir prazer, principalmente me amar. Fiel a toda prova. Em nenhum momento fostes rude à minha dor, tormento ou alegria. Esteve comigo até o fim de tais páginas e capítulos da vida. 

Nos episódios onde a fuga se mostrava a melhor saída, lá estava ela, apontando-me um dado indicando que o jogo não acabou, sempre há motivos pra prosseguir, olhar pros lados mas caminhar em frente. 

Nada pode ser tão forte em nós quanto a nós mesmos. 

Nem O Maior do maiores entra sem ser chamado, nos escolta, nos encaminha, mas quem segue somos nós. 

Nos seus vários tons e melodias, é quem me balança, surpreendentemente anima, me ergue.

No gorjeio da saudade, ela diminui a distância. Nos apuros é ela quem age, sabiamente falando o que ainda nem sei ou o que com minha boca sou incapaz de demontrar, apesar de todo meu ser já manifestar. 

Suave, terna, doce, com candura de mensura desconhecida, como o universo e as estrelas, quanto ao infinito que está em nós. Ela predetermina toda e qualquer forma de arte, está presente nos campos, serras e nos ares, está em nós, não há como fugir, é lembrada, é vivida. 

Todos nós temos um pouco dela e o que vivemos é o que clama pela apoteose.

Cada linha, página, jogada, episódio de nossa estrada ela se encaixa, cada um no seu ritmo, sua dança aprazível aos jovens de todas as idades, presente em todos os povos, etnias e quaiquer conta bancária. Sua especialidade é unir, transformar, o que for, em coro ou solo, acompanhando e embalando um simples diálogo ou dando ação a uma cena hollywoodiana, nos delírios de amor ela se responsabiliza pelas flexadas finais, sentidas perpétuamente. 

Nosso anônimo patrimônio comum, a que tem devemos a mais larga difusão e a mais tenra dimensão.

Agradável ao que vê a inebria de quem sente!

A música me é paixão particular, singular, definitivamente o meu plural. 

No meu canto, meu silêncio ou grito, é ela que sempre está comigo.